Projetos de Pesquisa em Letras

Corpus fraseológico organizado por parêmias

COORDENAÇÃO |  Andrea Garcia Muniz

RESUMO |Este projeto tem por objetivo investigar, identificar e descrever a tradução das parêmias e seus subtipos em textos literários na direção espanhol-português, a partir de técnicas tradutológicas propostas por Muniz (2020), com vistas à elaboração de um corpus literário fraseológico organizado por parêmias. O projeto contemplará várias etapas como, a identificação, extração e classificação das parêmias e seus subtipos, seguindo critérios pré-estabelecidos (no que se refere à taxonomia paremiológica); análise e descrição das traduções na língua meta; tipificação das escolhas tradutológicas (técnicas), a organização de fichas paremiológicas e a elaboração do corpus literário fraseológico com vistas à possibilidade de utilização por aprendizes, professores e tradutores.

 


Literatura e saberes outros: diálogos literário-artístico-filosóficos

COORDENAÇÃO |  Angela Maria Guida

RESUMO | Há muito  a literatura vem se abrindo às possibilidades de diálogos com os mais diversos campos do saber e  por conseguinte  constituindo-se como um espaço de entrecruzamento de saberes em rede. Cinema  música  filosofia  história  psicanálise  artes plásticas são alguns dos exemplos de campos possíveis por onde é comum a literatura fazer sua travessia. Desse modo  pensar a literatura na contemporaneidade tornou-se sinônimo de pensar o trans- em toda sua potencialidade. Linguagens e suportes outros  interfaces e diálogos decerto se constituem como a face da literatura a ser pensada na contemporaneidade  bem como evidenciar o quanto o saber literário também pode se configurar como um legítimo espaço de e para o pensamento.


AliB- Atlas Linguístico do Brasil: análise de dados e cartografia 

COORDENAÇÃO |  Aparecida Squierdo Negri

RESUMO | O Projeto ALiB ? Atlas Linguístico do Brasil: análise de dados e cartografia configura-se como um subprojeto do Projeto ALiB (Atlas Linguístico de Brasil)  de natureza interinstitucional  sediado na Universidade Federal da Bahia  que é coordenado por um Comitê Nacional que congrega pesquisadores de sete universidades públicas brasileiras  sob a Presidência de Jacyra Andrade Mota (UFBA)  contando  ainda  com uma Diretora Executiva  Diretores Científicos  Coordenadores regionais e Comissão de Informatização e Cartografia. O Comitê  no momento  é formado por uma Diretora Presidente  uma Diretora Executiva e por 11 Diretores Científicos  dentre eles dois vinculados à Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (https://alib.ufba.br/). O Comitê Nacional reúne-se  periodicamente  para a discussão do desenvolvimento do Projeto  em reuniões nacionais  em diferentes universidades. A coordenação regional da pesquisa cabe aos diretores científicos que também têm a função de envidar esforços no sentido de encontrarem formas de financiamento junto a organismos voltados para a pesquisa científica a fim de  enquanto não se obtém um financiamento global  realizar a pesquisa na área sob sua particular responsabilidade. A UFMS integra o Comitê Nacional de Coordenação do Projeto e  ao logo dos 20 anos da sua execução  tem participado na coordenação dos trabalhos no âmbito da Regional Mato Grosso do Sul e  consequentemente  atuado de forma significativa nas atividades de coleta dos dados linguísticos (1.100 entrevistas com falantes naturais de 250 localidades brasileiras situadas nos 26 Estados da Federação)  transcrição e análise linguística dos dados. Como um projeto nacional de natureza interinstitucional  o Projeto ALiB tem como objetivo mais amplo a descrição da realidade linguística brasileira em todo o território nacional. Essa descrição está permitindo uma visão ampla das características da língua portuguesa do Brasil  a delimitação de áreas dialetais  a identificação de mudanças em curso na língua  segundo variáveis diatópicas e diastráticas  além de favorecer a intercomparação de dados de natureza fonético-fonológica  lexical e morfossintática que caracterizam o português urbano falado em todos os estados da Federação. O Projeto Atlas Linguístico do Brasil é orientado pelos parâmetros da Geolinguística pluridimensional (RADTKE;THUN  1996; THUN  2010) que  além de priorizar a dimensão diatópica  leva em conta avanços esboçados pela nova realidade dos espaços e de sua ocupação  de que decorre uma nova metodologia dos estudos dialetais  com objetivos ampliados e novas perspectivas de enfoque  além de lançar-se ao desafio de documentar e descrever a variante do português usada por brasileiros dos 26 estados da Federação  na sua modalidade oral. Em 2014 foram publicados os dois primeiros volumes do ALiB. O terceiro  que aguarda publicação  reúne estudos sobre os dados cartografados nas 159 cartas linguísticas que integram o volume 2 do ALiB. Na continuidade do projeto nacional estão previstos e já em desenvolvimento mais seis volumes do ALiB  dois com dados das capitais e quatro com dados linguísticos recolhidos das 225 localidades do interior. Este projeto centra-se nas atividades previstas sob a responsabilidade da Regional MS nesse planejamento das atividades do Projeto Nacional: exegese dos dados recolhidos por meio de 25 perguntas do Questionário Semântico-Lexical  organização dos para cartografia e produção dos textos de estudo dos dados cartografados. A equipe da Regional Mato Grosso do Sul atua no projeto ALiB desde o seu lançamento em 1996 e foi responsável pela pesquisa in loco na região Centro-Oeste (MS  MT e GO) e parte da região Norte (AC  RO  TO e RR)  além de ter colaborado com outras regionais na realização dos inquéritos em Manaus/AM e Conceição do Araguaia/PA  na região Norte  e em Araçatuba (SP)  Itaperuna (RJ)  Alegre e Santa Teresa/ES. Para a execução da coleta de dados a equipe concorreu e foi contemplada com recursos de diferentes editais do CNPq (Edital CNPq no 019/2004 ? Universal; Edital MCT/CNPq 61/2005; Edital MCT/CNPq 04/2008 – Apoio Técnico; Edital MCT/CNPq 03/2008/Ciências Humanas)  recursos que viabilizaram as viagens de coleta de dados pela área destinada à Regional MS. Em 2014 foram publicados os dois primeiros volumes do Atlas Linguístico do Brasil pela Editora da UEL: CARDOSO  S. A. M. da S.; ISQUERDO  A. N.; AGUILERA  V. de A.; MOTA  J. A.; ARAGÃO  M. S. da; ALTENHOFEN  C. V. ; MARGOTTI  F. W. RAZKY  A. Atlas Linguístico do Brasil. Vol.1. Londrina: EDUEL  2014. CARDOSO  S. A. M. da S.; ISQUERDO  A. N.; AGUILERA  V. de A.; MOTA  J. A.; ARAGÃO  M. S. da; MARGOTTI  F. W. RAZKY  A. Atlas Linguístico do Brasil. Vol.2. Londrina: EDUEL  2014. A regional MS assumiu a coordenação da publicação dos volumes 4 e 5 do ALiB que reunirão estudos sobre dados recolhidos nas capitais brasileiras. Além disso participa dos estudos com vistas à produção dos seis volumes já em fase de desenvolvimento (volumes 4 a 9 do ALiB)  sendo responsável pelo estudo dos dados lexicais recolhidos por meio de 25 perguntas do Questionário Semântico-Lexical  respostas fornecidas pelos 1.100 informantes do ALiB. Está em processo a alimentação do Banco de Dados do ALiB que abrigará cerca de 3.500 horas de gravação  um corpus cuja amplitude representa uma produtiva fonte para a construção de estudos de diferente natureza. Este projeto centra-se no estudo de uma parcela desse gigantesco corpus sobre a língua portuguesa falada no Brasil.


DTMS – Dicionário de topônimos de Mato Grosso do Sul

COORDENAÇÃO |  Aparecida Squierdo Negri

RESUMO | O projeto orienta-se pelos fundamentos teóricos da Onomástica  particularmente a Toponímia  e da Lexicografia  em especial os fundamentos voltados para a produção de dicionários onomásticos. O tratamento lexicográfico dos dados toponímicos por meio da confecção do Dicionário de Topônimos do estado de Mato Grosso do Sul (DTMS)  na verdade  representa a continuidade de dois glossários já produzidos pela equipe por meio de trabalhos acadêmicos. O DTMS dá continuidade a uma pesquisa em desenvolvimento há 20 anos na UFMS que aglutina uma equipe de pesquisadores formados nos programas de pós-graduação em Letras da Instituição (Três Lagoas e Campo Grande)  orientados pela coordenadora do projeto. Parte dos 26.000 topônimos já catalogados já recebeu tratamento cartográfico no primeiro volume do ATEMS concluído em 2011 com recursos da FUNDECT. Entre 2012/2016 o Projeto foi financiado com recursos do CNPq  o que permitiu a ampliação do corpus de cerca de 7.000 para o montante atual. A série Toponímia lançada pela Editora da UFMS já abrigou o volume 1  lançado em 2019  TOPONÍMIA. ATEMS: caminhos metodológicos que reúne estudos produzidos pela equipe nos seus primeiros dez anos dez anos de execução. O volume 2 TOPONÍMIA. Tendências da toponímia sul-mato-grossense está em fase final de revisão. A equipe de pesquisa do projeto conta com a participação de um pesquisador da área das Ciências da Computação  o que visa a garantir a produção do dicionário também em formato online. Este projeto orienta-se fundamentalmente pela ciência Onomástica que se divide em dois campos de investigação: Antroponímia e Toponímia. A Antroponímia se ocupa do estudo dos nomes próprios de pessoas  enquanto a Toponímia investiga a origem  a transformação e a significação dos nomes de acidentes físicos como  por exemplo  nomes de rios  córregos  cachoeiras  serras  e humanos  nomes de municípios  vilas  vilarejos  povoados  distritos  ou seja  o topônimo (nome próprio de lugar). A proposta do Dicionário de Topônimos do Estado de Mato Grosso do Sul  ora apresentada  terá em sua nomenclatura os nomes próprios de lugares da área rural (elementos físicos e humanos) dos 79 municípios do Estado de Mato Grosso do Sul registrados nos mapas oficiais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Para tanto  será utilizado como corpus os aproximadamente 26.000 topônimos já armazenados no referido Banco de Dados. Acresce-se ainda o caráter inédito do produto esperado  pois no Brasil  por ora  não há um dicionário de topônimos produzido por especialistas. os existentes foram construídos por curiosos na área e/ou por estudiosos de línguas indígenas sem o rigor esperado de uma obra lexicográfica  fundamentalmente ser produto de um corpus e ser construído segundo os cânones da Lexicografia. Convém esclarecer que esses nomes foram coletados de mapas oficiais do IBGE pelos pesquisadores envolvidos no Projeto e que o Banco de dados foi elaborado a partir da ficha lexicográfico-toponímica  originalmente concebida por Dick (2004)  para o Projeto Atlas Toponímico do Estado de São Paulo (ATESP) e adaptada aos propósitos do ATEMS. Para alcançar os outros objetivos do projeto Dicionário de Topônimos do Estado de Mato Grosso do Sul  como a reestruturação do banco de dados de topônimos sul-mato-grossenses  será desenvolvido um software por meio da utilização de tecnologia de servidor Java 8  com banco de dados PostgreSQL que possibilite o acesso por dispositivos com navegador de internet. Será desenvolvida também uma metodologia voltada para a produção de dicionários onomástico-toponímicos com base nos fundamentos clássicos fornecidos pela Lexicografia e na experiência acumulada no âmbito do projeto ATEMS para a produção de glossários de topônimos. Em relação a isso  importa ressaltar que a equipe do Projeto ATEMS já tem se empenhado em estudos para o desenvolvimento de uma metodologia voltada para a produção de dicionários dessa natureza. Primeiro a partir de trabalhos acadêmicos concluídos em que glossários de topônimos foram elaborados com base em reflexões teóricas bem apuradas e pertinentes aos objetivos dos trabalhos e  segundo  pelas discussões teóricas e práticas ocorridas nas reuniões periódicas da equipe  em que integrantes também atuam na área da Lexicografia. Como a proposta prevê a disseminação do dicionário a ser produzido nos formatos eletrônico e impresso  reúne uma equipe de pesquisadores com formação em Linguística e um profissional da Ciência da Computação que será o responsável pela construção da ferramenta que viabilizará disponibilizar  num primeiro momento  o Dicionário objeto deste projeto em linha por meio do site do ATEMS (www.atems.ufms.br).


Ortografia e interferências da oralidade na escrita

COORDENAÇÃO |  Cleonice Candida Gomes Leite

RESUMO | O projeto “Ortografia e interferências da oralidade na escrita” tem como objetivo principal utilizar as teorias fonológicas para a compreensão dos tipos de “erros” ortográficos relacionados à interferência da oralidade na escrita. O quadro teórico utilizado no projeto é o da teoria fonológica atual, relacionado aos estudos dos segmentos, dos supra-segmentos e da sílaba, com o propósito de aplicar o conhecimento sobre a fonologia à análise de textos escolares de alunos da escola pública, buscando explicar “os erros” decorrentes da relação oralidade e escrita.


Formação de Professores e Ensino de Espanhol em MS 

COORDENAÇÃO |  Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro

RESUMO |  O presente projeto tem por finalidade consolidar as pesquisas na área de formação de professores de Espanhol  em Mato Grosso do Sul  e de acompanhar o processo de implantação desse idioma nas escolas públicas do estado. Desde a década de 90  notamos um crescente interesse em aprender a língua espanhola decorrente das relações econômicas estabelecidas com a Espanha e com alguns países vizinhos vinculados ao Mercosul. Nesse contexto  observamos o aumento na busca por cursos de formação de professores  inclusive em diferentes modalidades  como pedagogia da alternância  cursos a distância e semipresenciais. Diante disso  objetivamos investigar a formação inicial e continuada de professores de Espanhol  observando e analisando as contribuições do Pibid  de projetos de ensino  extensão; Estágios obrigatórios; Práticas de Ensino  Projeto Político dos Cursos; materiais didáticos;  especializações  cursos de formação continuada e atuação dos egressos. Também pretendemos analisar a inserção da disciplina de Língua Espanhola na rede pública de ensino  já que poucas instituições ofertam o idioma. Com base em referências bibliográficas como Gatti et al. (2013)  Tardif (2014)  Pimenta e Anastasiou (2014)  Zeichner (2010)  entre outras  pretendemos realizar  inicialmente  uma revisão bibliográfica  considerando o objetivo específico determinado  seguido da análise de dados coletados mediante aplicação de questionários  realização de entrevistas ou de análise documental  por exemplo. Os produtos a serem gerados com base no desenvolvimento da pesquisa são artigos  relatórios e oficinas.


Literatura paraguaia – América Latina – culturas periféricas – fronteira

COORDENAÇÃO | Damaris Pereira Santana

RESUMO | 


Formação inicial e continuada de professores na contemporaneidade

COORDENAÇÃO | Daniela Sayuri Kawamoto Kanashiro

RESUMO |O presente projeto de pesquisa se propõe a desenvolver estudos sobre formação inicial e continuada de professores relacionados à análise de documentos oficiais, discussões de experiências em diferentes modalidades de cursos de licenciaturas, de programas institucionais (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – Pibid, Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – Pibic, Residência Pedagógica, Idiomas sem Fronteiras – IsF, entre outros), descrição e análise de projetos de extensão e de ensino desenvolvidos na graduação, bem como da formação continuada de professores de línguas como os programas de pós-graduação (lato e stricto sensu), extensão universitária etc. Objetivamos analisar esse processo de formação inicial e continuada de professores, sobretudo no contexto sul-mato-grossense, a fim de melhor compreender nosso contexto de atuação, afetado também por políticas educacionais nacionais e interesses internacionais. Buscamos, igualmente, uma atuação mais crítica nos cursos de licenciaturas. Como metodologias, as investigações serão realizadas por meio de revisão bibliográfica, estudo documental, pesquisa-ação, entre outras, relacionadas às ações desenvolvidas nos cursos de graduação, extensão e pós-graduação.

 


Paisagens Transculturais na fronteira sem lei 

COORDENAÇÃO | Edgar Cezar Nolasco

RESUMO | O projeto visa discutir o conceito de paisagem transcultural  tendo como recorte o locus geoistórico da fronteira de Mato Grosso do Sul com os países vizinhos Paraguai e Bolívia. Para tanto  discutir-se-á conceitos críticos como os de pós-ocidental  fronteira e limite  zona de contato e crítica fora do eixo. A discussão em torno desses conceitos dá-se  sobretudo  pela constatação de que a crítica contemporânea  e de modo específico a voltada para os problemas latino-americanos  tem embasado sua reflexão tendo em pano de fundo conceitos que traduzam a diferença cultural desse locus. Entre os trabalhos que balizam a pesquisa  merece destaque Teorías sin disciplina (1998) de Santiago Castro-Gómez e Eduardo Mendieta  Giro Decolonial (2007)  de Santiago Castro-Gómez e Ramón Grosfoguel  e História slocais/Projetos globais  de Walter Mignolo  Delicadeza  de Denílson Lopes  e Babelocal  de Edgar Nolasco.


Estudos Culturais Comparados 

COORDENAÇÃO | Edgar Cezar Nolasco

RESUMO | O projeto tem por objetivo oportunizar a um número maior de  estudantes de graduação e de pós-graduação  bem como a  pesquisadores em geral e toda a comunidade interessada no debate  contemporâneo em torno dos Estudos Culturais e da Literatura  Comparada  sempre privilegiando uma perspectiva transdisciplinar  o  que  por sua vez  justifica a própria rubrica Estudos Culturais  Comparados – UFMS. O espaço físico  enquanto tal  visa alargar as  perspectivas para um dialogo cultural maior entre graduandos  pósgraduandos   orientadores  pesquisadores e a comunidade interessada  por meio de encontros  seminários  debates  como também por meio  das publicações sistematizadas  que serão geradas pelo próprio  Núcleo  a exemplo dos Cadernos de Estudos Culturais. Deve-se  registrar que os estudos atinentes ao Núcleo têm uma tendência critica  em voltarem-se para o contexto latino-americano  sendo escusado  dizer a atenção especial despendida ao Estado do Mato Grosso do  Sul.


Cadernos de Estudos Culturais 

COORDENAÇÃO | Edgar Cezar Nolasco

RESUMO | O projeto tem por objetivo oportunizar a um número maior de  estudantes de graduação e de pós-graduação  bem como a  pesquisadores em geral e toda a comunidade interessada no debate  contemporâneo em torno dos Estudos Culturais e da Literatura  Comparada  sempre privilegiando uma perspectiva transdisciplinar  o  que  por sua vez  justifica a própria rubrica Estudos Culturais  Comparados – UFMS. O espaço físico  enquanto tal  visa alargar as  perspectivas para um dialogo cultural maior entre graduandos  pósgraduandos   orientadores  pesquisadores e a comunidade interessada  por meio de encontros  seminários  debates  como também por meio  das publicações sistematizadas  que serão geradas pelo próprio  Núcleo  a exemplo dos Cadernos de Estudos Culturais. Deve-se  registrar que os estudos atinentes ao Núcleo têm uma tendência critica  em voltarem-se para o contexto latino-americano  sendo escusado  dizer a atenção especial despendida ao Estado do Mato Grosso do  Sul.


Discursos de ódio e efeitos de polarização em espaços enunciativos informatizados: os funcionamentos da memória no pleito presidencial de 2018 no Brasil

COORDENAÇÃO | Elaine de Moraes Santos

RESUMO |Dadas as condições de emergência dos discursos de ódio em circulação em dizibilidades (pós)contemporâneas, cresce a demanda por construir a analisar arquivos que permitam um adentramento na memória discursivo-institucional de campanhas presidenciais brasileiras, com vistas à compreensão da historicidade com que fenômenos sociais têm desafiado limites entre crime e liberdade de expressão em espaços enunciativos informatizados. Imersa no panorama descrito, bem como enredada por intercâmbios interinstitucionais e de internacionalização, tão caros à universidades, é que proponho, como objetivo geral, analisar a relação entre discursos de ódios e os modos de produção e de circulação das campanhas político-midiáticas dos dois candidatos mais votados no pleito presidencial de 2018 no Brasil, sobretudo em função da polarização política fomentada no digital. Para tanto, metodologicamente, a pesquisa articula a o manuseio de trajetos temáticos, memória metálica e arqueogenealogia, inserindo-se em uma perspectiva entre diálogos e duelos dos Estudos Discursivos Foucaultianos e da Análise de Discurso francesa.


Trajetos temáticos em sensibilidades epistêmicas: a problematização de dispositivos teórico-metodológicos e a análise de diferentes corpora discursivos

COORDENAÇÃO | Elaine de Moraes Santos

RESUMO |Enquanto docente permanente do Programa de Pós-graduação em Estudos de linguagens da UFMS e dadas as condições de emergência de discursividades (pós)contemporâneas, sobretudo em face à consolidação de paradigmas contra-hegemônicos/pluriversalistas no cenário científico, cresce a demanda por orientar trabalhos com vistas a questões feministas, de racialização, de gênero, interseccionais, de(s)coloniais, descolonizadas e/ou subalternas. Paralelamente, na confluência entre práticas de pesquisa-resistência, em tempos de apogeu digital, é cada vez mais latente a convocação pelo acionamento de uma dimensão sensível para o estudo de dizibilidades situadas, performadas em exercícios linguageiros diversificados, a exemplo da mobilização de narrativas orais, narrativas (auto)biográficas, relatos de si, relatos de experiência, testemunhos e escritas criativas. Ciente, imersa e ativista no panorama descrito, bem como enredada por necessidades oriundas à docência no Ensino Superior, é que proponho, como objetivo geral da pesquisa e à luz da arqueogenealogia foucaultiana, rediscutir dispositivos teórico-
metodológicos de duas teorias discursivas a materialista e a histórica na análise de diferentes corpora, problematizando-os a partir do que articulo como sensibilidades epistêmicas. Enquanto justificativa didático-pedagógica, somada à contribuição em torno da produção e da circulação de saberes em âmbito universitário, a ação também tem impacto na própria formação de professoras e professores de línguas. Além disso, a constituição de corpora analíticos variados conflui para a orientação de trabalhos de graduação e pós-graduação cujos trajetos temáticos sejam afinados às violências de gênero, à discursivização de sujeitos-corpos em textos político-midiáticos, bem como aos enfrentamentos vivenciados por pessoas autistas, surdas, surdocegas, por indígenas nos espaços urbanos ou nas redes sociais.

 


DICIOBASE: plataforma colaborativa multidicionários franco-brasileiros (2024 – atual)

COORDENAÇÃO | Elizabete Aparecida Marques

RESUMO |O DICIOBASE: plataforma colaborativa multidicionários franco-brasileiros (Projeto CAPES/COFECUB n 1023/24) é um projeto de pesquisa interinstitucional celebrado entre a UFMS, em conjunto com três universidades brasileiras (UFBA, UEL e UFRPE), e a Université Sorbonne Paris Nord. O projeto tem como objetivo mais amplo criar um sistema multidicionário avançado que facilite o acesso e uso de diferentes fontes lexicográficas. O ambiente será concebido de forma a permitir a consulta de diferentes dicionários de diversos idiomas. O uso de uma API Web facilitará a conexão dos vários dicionários e bancos de dados linguísticos disponíveis online. Os usuários poderão acessar ampla variedade de recursos linguísticos sem precisar navegar entre diferentes sites ou aplicativos. Ademais, será criado um protocolo que permita o diálogo entre diferentes microestruturas de dicionários.

 


Tesouro do Léxico Patrimonial Galego e Português: Foco sobre a Região Centro-Oeste do Brasil (2017-2023)

COORDENAÇÃO | Elizabete Aparecida Marques

RESUMO | O projeto visa a dar continuidade ao Projeto Tesouro do léxico patrimonial galego e português: Brasil, desenvolvido no âmbito da UFMS no período de 2012 a 2015, o qual se configura como um subprojeto do Projeto Tesouro do léxico patrimonial galego e português. De caráter permanente, este grande projeto interinstitucional pretende integrar, em um único banco de dados informatizado, materiais lexicográficos com referenciação geográfica, oriundos de pesquisa sobre o léxico e que tiveram como fontes corpora obtidos por meio de trabalhos de campo na área da variação (dialetologia/onomástica/lexicografia), dispersos em obras dialectais, vocabulários de falas, em sua grande maioria de caráter inédito e de difícil acesso à comunidade científica. O projeto tem como coordenadora geral Rosario Álvarez, do Instituto da Lingua Galega da Universidade de Santiago de Compostela, com a participação dos comitês galego, português e brasileiro. O objetivo do projeto é criar uma grande base de dados a ser disponibilizada em rede. Os dados lexicais serão organizados em lemas, permitindo tanto o acesso às diferentes variantes registradas para cada lema (fônicas, morfológicas) quanto aos diferentes lemas que expressam um mesmo conceito. Do ponto de vista lexicográfico, o produto esperado se desenhará como um grande dicionário de dicionários (com consulta online), organizado segundo uma metodologia própria. A apresentação permitirá também obter a cartografia automática das variantes e dos lemas selecionados (Galícia, Portugal, Brasil), facilitando a visualização da distribuição geográfica das formas.


Variação, recursos, territórios: léxico, fraseologia e tratamento informatizado (2023 – atual)

COORDENAÇÃO | Elizabete Aparecida Marques

RESUMO |A partir dos trabalhos teóricos desenvolvidos pelos pesquisadores da Université Sorbonne Paris Nord (Paris 13) sobre a fraseologia, a articulação da linguagem e as três funções primárias da linguagem, bem como das investigações realizadas por pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul sobre variação linguística, fraseologia, toponímia e dialetologia, este projeto pretende investigar a problemática da variação léxico-fraseológica enquanto patrimônio linguístico responsável pela identidade cultural da região Centro-Oeste, especificamente, de Mato Grosso do Sul. Esta proposta tem como objetivo mais amplo o estudo da relação entre léxico, fraseologia, variação, território e cultura com o intuito de levantar dados lexicais de natureza diversa para submeter ao tratamento informatizado, visando à exploração computacional, lexicográfica e didática.


O ensino da literatura em aulas de língua inglesa: potencialidades e desafios

COORDENAÇÃO | Elton Luiz Aliandro Furlanetto

RESUMO |O principal objetivo deste projeto de pesquisa é se debruçar sobre a temática do ensino de literatura de língua inglesa, tanto no processo de formação docente quanto na sala de aula do ensino básico. Para isso, faremos um levantamento do que se tem produzido na fortuna crítica sobre a temática do ensino de literatura, o ensino de literatura nas aulas de língua estrangeira, em especial o inglês, buscando dar conta das ferramentas crítico-metodológicas para a inclusão da literatura produzida em língua estrangeira na sala de aula. Será importante discutir as ferramentas possíveis de acesso à literatura, privilegiando aspectos como a tradução interlingual e intercultural, além da leitura bilíngue e dos livros adaptados (graded readers). Teremos como foco primordial a questão de qual literatura estrangeira chega até nós, por intermédio dos ditames da editoração dos livros e a facilidade de acesso permitido pelos ebooks. A pesquisa será apoiada nos estudos do letramento literário, a partir da obra de Rildo Cosson (2010, 2014, 2020), entre outras autorias, tais como Ben Knights (2017), Gillian Lazar (1993) e Tory Young (2008). Nosso referencial teórico será relevante uma vez que há uma crescente, ainda que incipiente, pesquisa no Brasil sobre os usos da literatura nas aulas de língua inglesa. Além disso, buscaremos estabelecer algumas características particulares das literaturas produzidas em língua inglesa nos mais diversos contextos temporais e espaciais. Desse modo, o estudo poderá contribuir para uma compreensão maior da literatura enquanto meio de expressão e reflexão, como modo de estabelecer diálogos interculturais e interpessoais, e como ferramenta didática para contato com a língua adicional. Entre os resultados esperados, destacam-se a execução de círculos de leitura, de um repositório de obras feitas a partir do contato com as literaturas em língua inglesa, o desenvolvimento de pesquisas na área de literatura e ensino de literatura.

 


Letramentos feministas: linguagens, subjetividade e transculturalidade

COORDENAÇÃO | Fabiana Poças Biondo

RESUMO |Este projeto de pesquisa tem como objetivo principal investigar práticas de linguagens conectadas a feminismos, em mídias digitais e em ambientes transculturais diversos, de forma a contribuir com a análise da dinâmica de produção de linguagens contemporânea, particularmente em práticas em que a apropriação de recursos linguísticos e sociosemióticos se dá na interface com questões relativas a linguagens multimodais, subjetividades e educação para a transculturalidade.  Para isso, propõe o uso do conceito “letramentos feministas”, de modo a concatenar abordagens ideológicas do letramento a duas tendências de estudos compreendidas como interseccionais: a pós-humanista, e a decolonial. A proposição visa, ainda, ensaiar a ideia de letramentos feministas como uma das possíveis vias de acesso e um dos possíveis catalisadores para a compreensão das dinâmicas de produção de linguagens atuais, bem como para a proposição de um campo de estudos na Linguística Aplicada, que possa conectar pesquisadores e estudantes a nível de iniciação científica, especialização, mestrado e doutorado. Em termos metodológicos, a análise de recursos linguísticos e sociosemióticos de interesse serão estudados por meio de instrumentos de pesquisa participativa qualitativa e de orientação etnográfica, mediante triangulação de registros e dados de pesquisa, considerando a relacionalidade de atores humanos e não-humanos, envolvidos em espaços-tempos de interesse, estruturados por meio de assemblages e relações de (des)afeto. Também poderão ser utilizadas metodologias de análise etnográfica na internet, sobre ética e pesquisa em mídias sociais e sobre análise etnográfica de paisagens linguísticas em nexos online-offline. Pretende-se também contribuir com a proposição de caminhos teórico-analíticos e com ações para repensar a transculturalidade, bem como levantar questões para outras áreas do conhecimento que se dedicam hoje a estudar as relações entre letramentos e feminismos, linguagens, educação e identidade/subjetividade.

 


Literatura, Gender Studies e Interseccionalidades: o corpo como objeto de estudo

COORDENAÇÃO | Flávio Adriano Nantes Nunes

RESUMO |O projeto de pesquisa ora apresentado é um desdobramento do projeto anterior <Literatura e Gender Studies: diálogos possíveis> (cadastrado na PROPP e executado entre os anos 2019/2021) e empreende uma uma série de ações em conjunto com o COLEGE (Coletivo de Estudos e Pesquisa em Literatura e Gênero Federico García Lorca), a saber: debate sobre o tema por intermédio do texto literário, onde participam alunos de diferentes cursos de graduação e pós-graduação, bem como professores/pesquisadores da UFMS e outras IES; organização de eventos na área; entre outros e, para tal, utilizamos as dependências dos Cursos de Letras (Espanhol e Inglês) e também as da FAALC, como salas de aula, auditórios, sala de reunião dos Cursos.


A Autoria Feminina na Literatura de Mato Grosso do Sul 

COORDENAÇÃO | Geovana Quinalha de Oliveira

RESUMO | O projeto pretende resgatar  divulgar e analisar textos literários de autoria feminina de Mato Grosso do Sul desvendando o quanto o cânone é contingente de uma pretensa epistemologia patriarcal. A partir de teorias e críticas feministas e de gênero descoloniais propõe-se discutir a lógica do sistema colonial/moderno e seus usos das categorias de gênero  classe  raça/etnia  sexualidade como fatores de exclusão e hierarquia que resultaram no apagamento violento das representações culturais das mulheres e de outros sujeitos marginais negando suas participações no desenvolvimento dos processos de tomada de decisão política  social  cultural  econômico. O estudo da autoria feminina na literatura sul-mato-grossense apresenta-se como uma possibilidade de descolonização das estruturas hegemônicas  patriarcais  heteronormativas  brancocêntrica  ao deslocar-se  epistelogicamente  para a voz  cosmologia e experiência do outro e desse locus particular. Ademais  as discussões pretendem esclarecer que a autoria feminina carrega idiossincrasias próprias cujas pluralidades se interseccionam com raça  classe e lugar colocando em xeque a ideia de uma categoria universal para a “literatura das mulheres”.


Das humanas razões: amor e amizade nas letras de música de Renato Russo

COORDENAÇÃO | Geraldo Vicente Martins

RESUMO |A pesquisa delineada neste projeto, fundamentando-se na perspectiva da teoria semiótica discursiva, propõe-se a, em associação com os estudos que abordam o tema, voltando o olhar, sobretudo, para o nível discursivo das letras de música de Renato Russo, cantor e compositor da banda Legião Urbana, propõe-se a analisar a configuração dos conceitos de amor e amizade, considerando-os a partir das determinações figurativas e temáticas presentes no discurso desses textos. Os objetivos específicos que orientam a realização da pesquisa dizem respeito a: i) verificar como procedimentos linguístico-discursivos se associam na construção dos eixos temáticos do amor e da amizade, articulando-se ao campo da figuratividade; e ii) determinar em que medida os eixos tensivos e suas dimensões se conjugam nessa articulação, sobretudo, em vista de sua possível configuração passional. Com o trabalho, além do reconhecimento de uma configuração discursiva do amor e da amizade, própria ao conjunto das letras de música de Renato Russo, espera-se que os resultados apontem para um maior conhecimento do estilo do artista, concretizado nos elementos semiolinguísticos, o que nos permitirá abordar os textos com maior eficácia como material de estudo nas aulas, principalmente, de língua portuguesa.


AS ESCOLAS BILÍNGUES EM CAMPO GRANDE-MS: CAMINHOS E DESCOBERTAS ( até 2026)

COORDENAÇÃO | Marta Banducci Rahe

RESUMO |Este projeto propõe-se a realizar uma investigação sobre as escolas bilíngues na cidade de Campo Grande – MS, por meio de pesquisa documental e quantitativa, com os objetivos de  identificar essas instituições, constatar a língua adicional ofertada como meio de instrução, apontar os conceitos e formas de bilinguismo/plurilinguismo (GARCIA, 2009; FLORES, 2016; FORTES, 2017) presentes em seus currículos e Projetos Pedagógicos e analisar a formação de seus professores, tendo como suporte as propostas para a educação bilíngue no cenário nacional (MEGALE, 2005; MEGALE e LIBERALE, 2016) e o primeiro documento oficial que norteia as práticas dessa educação.  A hipótese aqui levantada é de que muitas das escolas que se identificam como bilíngues na cidade, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Plurilíngue publicada em 2020, deveriam, de fato, ser classificadas como instituições com a carga horária estendida em língua adicional. Procuramos, com esta pesquisa, promover estudos relacionados à educação bilíngue de prestígio em Campo Grande, um tema ainda pouco explorado, que levará também à discussões sobre a formação de professores para a população plurilíngue que chega às escolas hoje.


O acolhimento aos jovens estudantes imigrantes nas escolas públicas de Campo Grande – MS: uma análise documental

COORDENAÇÃO | Marta Banducci Rahe

RESUMO |

Dados do Núcleo de Estudos de População “Elza Berquó” – NEPO – da Universidade de Campinas, apontam que entre os anos 2000  e 2020,  dos 25.739 imigrantes internacionais que chegaram em Mato Grosso do Sul e obtiveram o Registro Nacional de Migração, Campo Grande recebeu 6.506 entre paraguaios, venezuelanos, bolivianos e haitianos. Muitos dos venezuelanos que aqui chegaram, vieram por meio da Operação de Acolhida, projeto que permitiu a mobilidade dessas pessoas para o interior do Brasil. (BIANCO et al, 2023). Além das dificuldades burocráticas e documentais encontradas, há outros aspectos apontados por pesquisadores, que limitam a inserção desses imigrantes na sociedade. Entre eles estão o acesso ao emprego, moradia e saúde, assim como os aspectos linguísticos.
Com o objetivo de promover políticas públicas e ações de acolhimento aos imigrantes estrangeiros, o estado de Mato Grosso do Sul instituiu, em 2016, pelo Decreto n.14.559, de 12/09/2016, o Centro de Atendimento em Direitos Humanos- CADH. Nesse sentido, vêm sendo desenvolvidas no estado, ações que facilitam o acesso dessas pessoas à informações por meio de produção e distribuição de folhetos multilíngues, bem como, a oferta de vagas à educação técnica e superior e cursos de português como língua de acolhimento, oferecidos por um Programa da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul-UEMS. (BIANCO et al, 2023). Muitas dessas ações estão voltadas ao público adulto e sua inclusão no mercado de trabalho. No entanto, estudos sobre os jovens que chegam como imigrantes estrangeiros, não falantes de português  e que passam a frequentar as escolas públicas de educação básica ainda são escassos. Portanto, nesta investigação, levantamos algumas questões:
Como se dá o acolhimento das crianças e jovens imigrantes estrangeiros nas escolas públicas de Campo Grande- MS?
Quais são as políticas públicas e políticas linguísticas pensadas para que essas crianças e jovens sejam efetivamente inseridos na comunidade escolar?
Para isso,  propomos uma pesquisa documental das publicações oficiais que dispõem sobre a inclusão desses estudantes nas nossas instituições. Lembrando que, somente em dezembro de 2020, entrou em vigor, no Brasil, a primeira normativa que trata sobre as matrículas de estudantes imigrantes nas escolas públicas brasileiras. O mesmo documento, Resolução n.001/2020, do Conselho Nacional de Educação, também estabelece diretrizes de acolhimento a esses estudantes. Em Mato Grosso do Sul, a Resolução/SED n.4.311, que dispõe sobre as matrículas de crianças e adolescentes imigrantes e refugiados nas escolas públicas estaduais, foi publicada em 28 de maio de 2024. Julgamos também importante a verificação da existência de  políticas linguísticas pensadas pelas  Secretarias Municipal e Estadual de Educação e se os Projetos Políticos Pedagógicos das escolas investigadas contemplam ações que consideram esse público estudantil. Conforme apontam Oliveira e Souza (2022), para que as práticas educativas considerem e acolham os estudantes imigrantes nas escolas de educação básica, é preciso “ a exclusão de zonas de silêncio que envolvem a presença e a aprendizagem desses estudantes”. (2022, p.315), lembrando que os estudos voltados à educação bilíngue/plurilíngue investigam, em sua maioria, a educação de surdos, de povos originários e, atualmente, as escolas bilíngues de “elite”
Segundo texto da UNESCO (2003), a realidade de um mundo multilíngue traz um grande desafio para os sistemas educacionais, uma vez que  as soluções agora devem ser pensadas para sociedades plurais e permitir a manutenção da diversidade linguística e cultural. García (2009), sugere que as políticas educacionais precisam considerar as práticas heteroglóssicas que veem “as múltiplas línguas dos bilíngues como múltiplas e coexistentes” ( 2009, p.246), reforçando o cenário global de mobilidade e das comunicações promovidas pelas tecnologias contemporâneas.
É importante destacar que a chegada de imigrantes estrangeiros nas nossas escolas públicas é ainda um tema pouco investigado na Linguística Aplicada, por isso, é necessário que estudos pontuem como a educação bilíngue/plurilíngue para esse público vem sendo pensada pelos órgãos públicos e implementada nas escolas.

Os jovens estudantes imigrantes e as práticas linguísticas de acolhimento nas aulas de línguas em três escolas públicas de Campo Grande-MS

COORDENAÇÃO | Marta Banducci Rahe

RESUMO |

O número de escolas de educação bilíngue tem se tornado cada vez maior em Campo Grande – MS, o que já demonstramos na primeira etapa de nossas investigações sobre o ensino bilíngue de “elite”, oferecido majoritariamente por instituições particulares. Entretanto, a pesquisa sobre as escolas de educação bilíngue, ainda em andamento, nos mostrou que há um outro aspecto que requer análises mais aprofundadas, envolvendo a educação bilíngue dos estudantes imigrantes, grande parte deles hispanofalantes que são matriculados nas escolas públicas da cidade. Compreendemos que os países estão cada vez mais  multilíngues, entretanto, segundo García e Wei (2018), as escolas ainda se mantêm nas práticas monolíngues de ensino e tem como línguas “padrão” as de prestígio, associadas ao sucesso acadêmico e econômico. De Mejía (2006), destaca a necessidade das pessoas serem bilíngues ou multilíngues no mundo contemporâneo em função da mobilidade na busca por trabalho, oportunidades de formação profissional e também em função das tecnologias e seus usos. Para a autora, isso se reflete em uma demanda por desenvolvimento de programas educacionais que consigam atender à chegada de estudantes com diversidade linguística e sociocultural, demonstrando que a educação monolíngue não é suficiente hoje. Essa perspectiva vem sendo discutida em relação às escolas de educação bilíngue de “elite”, no entanto,  verificamos que é crescente o número de imigrantes jovens que entram nas nossas escolas públicas. Nesse sentido, e como parte de uma política de acolhimento a esses estudantes, esta pesquisa pretende analisar como os estudantes imigrantes constroem seus repertórios comunicativos nas aulas de língua portuguesa e língua inglesa em três instituições públicas de Campo Grande-MS. Para tal, utilizaremos como aportes teóricos o conceito de translinguagem (GARCÍA e WEI, 2018) que compreende o uso da língua a partir de um repertório dinâmico e fluido,  e não como um sistema com fronteiras social e politicamente definidas. Para os autores, a translinguagem pode ser conceituada tanto como uma teoria sociolinguística quanto uma prática educativa de linguagem. Essa percepção considera o repertório comunicativo do falante tal qual um sistema semiótico que se expande para além da língua, levando em conta o corpo, os gestos e os signos multimodais. Nesse caminho da translinguagem como práticas discursivas múltiplas utilizadas pelos falantes, Megale e Liberali (2020), cunham o termo patrimônio vivencial e nele, observam os modos de interação dos sujeitos com o mundo. Patrimônios vivenciais “referem-se a modos de expressão, experiência e existência, em toda a sua complexidade linguística, semiótica, sociocultural, afetiva, estética e ética.” (MEGALE e LIBERALI, 2020, p.7). Também a ideia de repertório linguístico (Busch, 2012) fundamenta a investigação e auxilia na observação de como os recursos linguísticos são vivenciados no contexto das construções discursivas e estão vinculados às experiências pessoais e trajetórias de vida dos falantes.
Lembrando que, somente em dezembro de 2020, entrou em vigor, no Brasil, a primeira normativa que trata sobre as matrículas de estudantes imigrantes nas escolas públicas brasileiras. Esse documento, Resolução n.001/2020, do Conselho Nacional de Educação, estabelece também as diretrizes de acolhimento a esses estudantes. Em Mato Grosso do Sul, a Resolução/SED n.4.311, que dispõe sobre as matrículas de crianças e adolescentes imigrantes e refugiados nas escolas públicas estaduais, foi publicada em 28 de maio de 2024. Dessa forma, para além das medidas legislativas, entendemos que há aspectos importantes cujas observações são necessárias especialmente no cotidiano escolar, entre eles estão a compreensão das diferenças culturais, étnicas e linguísticas. Por isso, esta pesquisa justifica-se ao propor um tema que ainda demanda discussões e dados analisados com mais rigor e que possa contribuir com a gestão da diversidade cultural, linguística e a promoção da escola como espaço plurilíngue e intercultural.

Reflexões e narrativas contemporâneas: crítica, autoria , memória, cultura com o feminino em perspectiva

COORDENAÇÃO | Marta Francisco de Oliveira

RESUMO |O projeto de pesquisa nasce, diretamente, a partir da criação do grupo de pesquisa Crítica feminista e Autoria feminina: cultura, memória e identidade e em desenvolvimento conjunto com proposta de ação de extensão na própria UFMS. Assim, esta pesquisa será desenvolvida pela docente na UFMS mas em trabalho direto e em diálogo com o grupo de pesquisa e de estudo coletivo interinstitucional, fundamentado na troca de experiências e reflexões entre pesquisadora(e)s e seus respectiva(o)s orientanda(o)s do sul, do norte, do centro-oeste, do sudeste e do nordeste brasileiro, além de contar com a cooperação de participantes internacionais. No âmbito da UFMS, a linha a ser seguida nesta pesquisa coloca em perspectiva a autoria, com ênfase na feminina, problematizando em especial questões relativas às concepções e (re)criações de narrativas no mundo contemporâneo, a partir do sujeito, em sua individualidade, sua experiência em grupo, pessoal ou mediada, e através da escrita e da concepção estético-literária no uso da linguagem ao expressar e referenciar a vivência enquanto processo e arquivo de memória e cultura. Em concomitância com a proposta do grupo e da ação de extensão, essa pesquisa será conduzida por passos de estudos, discussão e reflexão contínuos, visando acompanhar a consolidação da construção diálogos, escutas e espaços de discussão propiciados por encontros sistemáticos de estudo sobre a crítica feminista e a autoria feminina. Ademais, deverá resultar em material para publicação nos dossiês, livros e eventos promovidos pelo grupo, integrando nossa pesquisa local com outras desenvolvidas por estudiosa(o)s voltada(o)s ao estudo da escrita e da literatura, promovendo possibilidade de pensar ou redimensionar os conceitos de cultura, memória e identidade.

 


Análise semiolinguística de recursos de patemização

COORDENAÇÃO | Monica Alvarez Gomes

RESUMO |O estudo do páthos, nascido na retórica aristotélica, surge em uma visão ecológica em relação sistêmica com o lógos e o éthos. De forma indissolúvel, essa tríade interage no fazer discursivo. Nela, portanto, o páthos toma a importância da manipulação da imagem do eu do discurso. A construção dessa representação foi relacionada à oratória, mas também se perfaz no texto escrito.
Já a partir dessa pequena olhada para o que nos traz a Retórica antiga, já é possível retomar chaves importantes para a compreensão da emoção no discurso (aqui tratada propositalmente como patemização (de Páthos), para não se imbricar este estudo da área de Linguística e Discurso com outras da Psicologia e outras afins), como parte indissolúvel da tríade retórica, crenças e representações, a que se fará referência em diversos momentos por indicarem pontos cruciais da atuação das categorias linguísticas de patemização na persuasão.
Assim sendo, recorre-se aos postulados da teoria semiolinguística de Charaudeau, que busca de forma muito satisfatória uma diferenciação das teorias que tratam de emoções e de sentimentos no plano psicológico, sociológico e filosófico stricto sensu.
Nesta pesquisa, buscar-se-ão as categorias linguísticas que põem em movimento  o processo patêmico no texto persuasivo, bem como as emoções prováveis pela reação do auditório (nunca se poderá falar em termos de certeza absoluta em nome dos interlocutores), os elementos da enunciação, os efeitos de sentido, a manipulação pelas representações e crenças mobilizadas pelo locutor em seu auditório.

 


Educação linguística-Cultural, Ensino de Línguas, Tecnologias e Justiça Social produtiva em Tempos Dilemáticos 

COORDENAÇÃO | Nara Hiroko Takaki

RESUMO | Nas últimas décadas  motivados pelos efeitos da globalização pluralizada (ou nem tanto) e das forças digitais e midiáticas  os cidadãos passaram a acessar informações sobre as instabilidades em vários setores. Reapropriações de sentidos insurgem abrangendo questões linguístico-culturais  de exploração econômica e ambiental do planeta  violência  movimentos pela justiça e direitos relativos a vários grupos sociais.   O modus operandi da perspectiva eurocêntrica baseia-se numa epistemologia dominante para a qual  as grandes narrativas (LYOTARD  1993) seriam as únicas possíveis.    Segundo Grant e Gibson (2013  p. 8)  a Declaração Universal dos Direitos Humanos  nos Estados Unidos na década de quarenta  dava a entender que ?os direitos humanos eram universais desde que eles não desafiassem estruturas tradicionais de poder?   uma premissa posta em cheque por tais autores por entendem que a justiça social naquele país necessita ser revisada. A diversidade vai além da aceitação da diferença ou tolerância atenuada. Portanto  a diferença cultural e a discórdia não são ameaças a uma sociedade civil justa; pelo contrário  elas enriquecem e asseguram uma sociedade civil comprometida com a justiça social?  (GRANT; GIBSON  2013  p. 12).   A ideia da diferença é fundamental e encontra paralelo na consciência de que há desigualdade social que dificulta a participação mais democrática e ativa dos cidadãos na sociedade atual  conforme postula Santos (2008). A diferença passa a ser uma questão chave na educação ecológica (SANTOS  2015). Ecológica significa o não desperdício de conhecimentos  experiências e valores dos ?vencidos? (historicamente oprimidos) convergindo para o que esse autor denomina ecologia de saberes com realce à epistemologia do sul (SANTOS  2008). Não seria epistemologia geográfica  pois conforme ele próprio relembra  há perspectivas ocidentais tanto no hemisfério Norte quanto no Sul e epistemologias sulistas em ambos os hemisférios.   O esmaecimento das fronteiras entre dicotomias como o culto e o popular  civilizado e primitivo  moderno e pós-moderno gerou uma ruptura espaço-temporal em que as experiências  os saberes e valores dos historicamente mais oprimidos contribuiriam para a co-construção de uma sociedade orientada para potencializar as diferenças.  No âmbito das linguagens-línguas  o sistema social das relações intersubjetivas que são negociadas depende dos modos de se recriar e usar a língua/linguagem em seus contextos  de compreender as nuanças identitárias que daí insurgem e que são carregadas de sentidos culturais de experiências  princípios e habilidades que podem gerar mudanças mais ou menos visíveis ou manter a situação vigente. Desenha-se assim um dilema não necessariamente inerte  mas gerador de mudanças possíveis. Para tanto  repensar o imperialismo (CANAGARAJAH  1999) traduzido como formas globalizantes e reocupar a universidade diferentemente já que ela recria espaços de debates  projetos  formação profissional e cidadã inovando suas teorias-práticas para tentar atender às necessidades dos estudantes em diálogo com as das comunidades  país e mundo parece promissor em tempos dilemáticos.   Nas línguas estrangeiras modernas  observa-se que  como Língua franca ou como Englishes (PENNYCOOK  2007)  o inglês segue competindo com outras línguas. Embora o mandarim seja mais falado do mundo quando considerados apenas os falantes que têm essa língua como materna  o inglês é o que mais tem exercido poder e povoado os espaços virtuais e as mídias impressas. Discursos e práticas sociais nessa língua  influenciam posicionamentos e escolhas políticas na vida social dos cidadãos. É possível nos depararmos com línguas brasileiras de imigrantes recentes no Brasil nas ?novas? mídias  um dado importante para estudos de linguagens/línguas contemplando movimentos translíngues e transculturais  os quais nos convidam a repensar questões de justiça social.   No sentido de preparar os estudantes (doravante cidadãos) para compreender  questionar e transformar modos de vida imperialistas e totalizantes  o provimento de oportunidades para o vozeamento e para a participação ativa dos historicamente oprimidos (lembrando que a educação pública se encontra do lado das minorias de poder) ficaria também a cargo das instituições de ensino (BIESTA  2006  CANAGARAJAH  2013  TODD  2007). Uma formação dialógica contando com outros pesquisadores que conecte justiça social em seus dilemas  mas que gere possibilidades (donde o termo produtivo no título desta pesquisa) talvez possa preparar os cidadãos a ressignificar o conceito de justiça social e conviver com os diferentes para além de meros direitos e deveres e de outras polarizações. Assim esta pesquisa tem como objetivo geral partir de um guarda-chuva que envolve estudos sobre Educação linguístico-cultural ensino de línguas tecnologias e justiça social produtiva em tempos dilemáticos. Parte do pressuposto de possibilidades em meio às limitações teóricas com vistas a uma formação para a justiça social em que inglês e outras línguas/linguagens e tecnologias comparecem com sentidos que podem ser ressignificados em prol do conhecimento participativo e transformativo. Esta pesquisa assume dimensões ontológicas epistemológicas e metodológicas de modo a refletir e refratar as condições e os contextos locais e globais que se retroalimentam (APPADURAI  1996). Três pressupostos são desenhados nessa paisagem: a inseparabilidade da teoria e prática o conhecimento como performativo e portanto praticado socialmente e o dilema. Este último concebido como sendo dissenso inerente dialógico incompleto e produtivo à construção de sentidos (RANCIÉRE  1996). O objetivo específico é investigar como os participantes constroem sentidos no que tange à educação linguísticocultural permeada de questões de justiça social e seus dilemas e como os mesmos problematizam tais questões num esforço para possibilidades e desafios como um exercício contínuo de discussões e práticas envolvendo convivências com as diferenças. Dito de outra forma o objetivo é pesquisar como a educação linguística-cultural possibilita reconceituar e praticar justiça social (ou nem tanto) reorientando-se pela contestação de contextos neoliberais e globais. Esse questionamento propicia a abertura para práticas translíngues (CANAGARAJAH  2013  GARCÍA; WEI  2014) e transculturais (PENNYCOOK  2007) que influenciam as viradas temporais e espaciais  ou seja  as reapropriações e  reconstituições de sentidos (MAKONI; PENNYCOOK  2007) no âmbito das linguagens/ línguas e  portanto  da formação cidadã que daí resulta (GRANT; GIBSON  2013) e como tal formação significa com relação às demandas de sociedade digital e contemporânea seguindo o referencial teórico no qual esta pesquisa se pauta.   O objetivo secundário é ampliar os estudos sobre educação linguísticocultural ensino de línguas  tecnologias e justiça social produtiva em tempos dilemáticos. Um pressuposto aqui é assumir a pesquisa na conjuntura atual  como possibilidade de transformação em meio às limitações teórico-práticas com vista a uma formação cidadã para a justiça social coletiva em que línguas/linguagens e tecnologias comparecem com sentidos emergentes e que podem ser ressignificados em prol do conhecimento participativo  inclusivo e transformativo.    Uma das hipóteses deste trabalho volta-se para a ideia de que os meios de comunicação em massa e discursos outros podem ter cristalizado conceitos em torno de justiça social nas mentes dos cidadãos e nem se dão conta de que podem mudar isso. Uma pesquisa precisa estar atrelada a incentivos pedagógicos. Neste caso é levar os participantes a compreender como as (in)justiças sociais têm sido produzidas pelos meios de comunicação em massa e como o ensino de línguas estrangeiras/adicionais e maternas e estudos de linguagens exercem papéis centrais na formação de seus usuários e profissionais em tempos neoliberais e dilemáticos. Outra oportunidade nesta pesquisa é buscar promover desenvolvimento de reflexividades (MORGAN; VANDRICK  2009  WINDLE  2017) sobre as complexidades linguístico-culturais que insurgem online/off-line  observar e interpretar como a criatividade informada para criar alternativas colaborativas significa para os participantes  se assim desejarem participar ativamente da sociedade


Trans(de)colonialidades, letramentos e justiças plurais enredados em espaços digitais e impressos públicos

COORDENAÇÃO | Nara Hiroko Takaki

RESUMO |Observa-se que repensar a educação crítica na formação de professores(as) tem se ampliado para a formação cidadã sulista e decolonial. No entanto, questões de sociedade requerem pesquisas que resivitem o papel da língua/linguagem (letramentos pluralizados), permeando a inerseccionalidade de várias questões que coloquem no horizonte as justiças plurais enredadadas e provisoriamente situadas. Essas preocupações coletivas carregam problemas locais-globais contra o patriarcalismo, capitalismo e formas existentes e emergentes de recolonizações (por que não) ou colonialismo interno (CUSICANQUI, 2020). As teorias críticas sulistas e decoloniais não são geográficas e sim epistêmicas, atravessadas, portanto, por questões de poder. Tal poder racializou pessoas, identidades, histórias, culturas, religiões, regiões, conhecimentos e modos de vida, dando força ao crescimento da economia global (MIGNOLO, 2018). Essa arquitetura deixou feridas/injustiças plurais que requerem renegociações de conhecimento, saberes e ações para desaprendermos as lógicas da modernidade ocidental. Estas estão presentes nos(as) radicalmente diferentes, como no Norte Global inclusive na América Latina, no Brasil e em outros países. Na América Latina, a continuidade da dominação apresenta-se como colonialidade de poder (QUIJANO, 2007). A colonialidade de poder (QUIJANO, 2007) merece problematizações, recuperando entrelaçamentos entre raça, etnia, gênero, classe, nacionalidade, instituições, estrutura social, violência nos âmbitos domésticos, familiares, escolares, trabalhistas, judiciais, migratórios, infantis, sexuais, esportivos, culturais, religiosos, criminais, policiais, militares, civis, urbanos, rurais e fronteiriços que deveriam envolver todas as pessoas e diálogos transnacionais entre os estados. Antes de se engajar em lutas é fundamental identificar quem, o que exerce opressão e sobre quem, o que, compreender mais expansivamente por que isso acontece do ponto de vista histórico, quem se beneficia dela. Redefinir o esperançar (FREIRE, 2005), que é trabalho sem esperar cair do céu para ações que não superem as diferenças (tampouco as celebrem), mas que a partir delas combatam o capitalismo, patriarcalismo e a recolonização em favor das pessoas, natureza e objetos em estado vulnerável. Para minimizar essas forças a um mundo onde muitos mundos possam coexistir com menos impactos daquelas, a desobediência epistêmica, segundo Mignolo (2021) é necessária. Justiças plurais e sutadas estão no front e requerem uma (auto)problematização de si e do(a) outro(a), ambos(as) coletivos(as) e ontoepistemicamente concebidos(as) e dilemáticos(as). Nessa assemblagem, cabem ainda o pós-humanismo crítico (BRAIDOTTI, 2018) com humanos, não humanos e os desumanos. Em que pese o fato de que o desafio é a incerteza, a contingência e o dilema na educação de cidadãos/cidadãs, pesquisas que não blindem o racismo estrutural, institucional, regional, comunitário e individual, o patriarcalismo (muito à tona pelas Aymaras bolivianas), e o capitalismo são necessárias (CUSICANQUI, 2020, GONZALEZ, 2020, FERREIRA, 2014, MENEZES DE SOUZA, 2019, 2021, NASCIMENTO, 2019, SANTOS, 2018, dentre outras pessoas). Esta pesquisa conta com metodologia qualitativa, interpretativista e intersubjetiva e tem como objetivo geral, compreender como autores(as) significam as trans(de)colonialidades, letramentos e justiças plurais enredados em espaços digitais e impressos públicos. Digo trans(de)colonialidades por contestar projetos centrados em perspectivas isoladas com ?verdade única? (GROSFOGUEL, 2013) e que carecem de (auto)questionamentos.

 


Políticas Linguísticas, Variação e Ensino de Línguas

COORDENAÇÃO | Patrícia Graciela da Rocha

RESUMO |A partir do aporte teórico da Sociolinguística Laboviana, da Política Linguística e da Linguística Aplicada, este projeto de pretende realizar estudos de abordagem qualitativa e quantitativa com o objetivo de descrever e problematizar as políticas linguísticas de ensino de línguas, as variações, os contatos, os comportamentos e as atitudes linguísticas em diversos grupos sociais brasileiros. De forma específica, pretendemos: a) Descrever o funcionamento e os métodos de ensino das variações/diversidades linguísticas (de línguas maternas e adicionais) em Escolas (Indígenas, Periféricas, do Campo, de Fronteira etc.) brasileiras; b) Identificar e analisar crenças e as atitudes de alunos da Educação Básica – Ensino Fundamental, séries finais e Ensino Médio – acerca das línguas faladas na sua região e da cultura regional e sul americana de uma forma mais ampla; c) Identificar crenças e atitudes dos alunos do curso de Letras – calouros e formandos – em relação à variação linguística no processo de ensino e aprendizagem de Língua Portuguesa, tendo em vista que suas crenças e atitudes linguísticas influenciarão nas decisões voltadas à questão do ensino a partir do momento em que se tornarem professores da Educação Básica; d) Propor ações de formação e debate, nas instituições de ensino envolvidas na pesquisa, a fim de devolver aos participantes os dados coletados e problematizar as questões linguísticas que emergirem do estudo a partir do aporte teórico da Sociolinguística Variacionista, das Políticas Linguísticas e da Linguística Aplicada; e) Analisar livros didáticos de Língua Portuguesa para a Educação Básica; f) Identificar e estudar Políticas Linguísticas em diversas instituições.


Tradução cultural: negociatas em perspectiva comparatista

COORDENAÇÃO | Rony Cardoso Ferreira

RESUMO |Orientado por uma visada crítica que concebe a tradução enquanto atividade escritural e cultural, este projeto objetiva, em linhas gerais, investigar em que medida a tradução contribuiu para a constituição dos projetos de intelectuais brasileiros (escritores e teóricos) que, ao longo de suas trajetórias, dedicaram-se à tarefa tradutória e/ou à sua teorização de alguma forma. Além disso, visa a estabelecer um diálogo epistêmico entre os estudos de literatura comparada, afastados, por sua vez, do reacionário rastreamento de fontes e influências que marcaram seu surgimento, e os estudos da tradução, em dupla convergência com postulados do pensamento da desconstrução e dos estudos culturais, que se voltaram à problemática da tradução como fenômeno literário, histórico e cultural, para subsidiar um estudo sobre a importância da tarefa da tradução frente à constituição dos projetos intelectuais de escritores brasileiros e da constituição de um pensamento teórico sobre a tradução no Brasil. Para viabilizar tais propósitos, operacionalizaremos as noções de poeta-tradutor (Haroldo de Campos), pervivência (Walter Benjamin), ética da tradução (Antoine Berman), hospitalidade (Jacques Derrida), tradução cultural (Homi Bhabha), tradução como cultura (Gayatri Spivak) e pensamento liminar (Walter Mignolo), atreladas a uma visada comparatista que busca, grosso modo, colocar literaturas, escritores, obras, teorias e teóricos em relação. Essas noções serão mobilizadas por meio de convergências e distanciamentos a depender do recorte do estudo que será desenvolvido em cada plano de trabalho de iniciação científica, dissertação de mestrado e tese de doutorado atrelados a esta pesquisa maior.

 


Prática Semiótica de divulgação religiosa no ambiente das mídias 

COORDENAÇÃO | Sueli Ramos da Silva

RESUMO | O presente estudo consiste na proposição de projeto de pesquisa em referência às práticas de divulgação religiosa presente em ambientes digitais. Trata-se de uma perspectiva qualitativa de análise  mediante a utilização de objeto de pesquisa e proposição de continuidade dos estudos iniciados quando da realização do projeto de pesquisa de doutoramento realizado no Programa de Pós-Graduação em Semiótica e Linguística Geral da Universidade de São Paulo  o qual pautava-se pela proposição de uma tipologia dos discursos de divulgação religiosa.  O objetivo geral deste projeto de Pesquisa consiste na proposição analítica referente às práticas religiosas de divulgação religiosa  mas diferentemente daquele  propõe analisar as práticas de divulgação dentro do ambiente de midiatização  sobretudo no que se refere ao uso aplicativos religiosos disponíveis em tablets e smartphones ios e android concernentes a práticas de fé de distintas denominações religiosas.  A noção de divulgação passa a ser concebida tomando como base a correlação entre as mídias e a era digital das religiões e religiosidades dentro da perspectiva da “modernidade líquida”  termo cunhado por Bauman (2001)  ao tratar da experiência individual humana  calcada pela fluidez e dinamismo.  A noção de divulgação passa a ser concebida tomando como base a correlação entre as mídias e a era digital das religiões e religiosidades  calcada pela fluidez e dinamismo. Consideramos três grandes linhas organizadoras desta pesquisa: a) analisar e atualizar a própria noção de divulgação; b) retomar os estudos que vem se desenvolvendo contemporaneamente no que concerne ao panorama dos estudos em semiótica e discurso religioso; c) ampliar a proposição ora apresentada retomando a noção de midiatização contemporânea  concebendo a perspectiva de divulgação para além das materialidades até então consideradas  e que eram circunscritas a materialidade física de revistas de divulgação religiosa. Tomaremos a religião como prática social  tomada no espaço tensivo das práticas (FONTANILLE  2008). A observação entre a intersecção entre mídia  sociedade e religião é premente  no que se observa a mudança ocorrida nos objetos e práticas de fé. Desvendar o processo de significação do discurso religioso  um dos discursos norteadores de nossa cultura  e que até hoje molda a mente dos cristãos  revestido por uma aura mítica de sacralidade e intocabilidade  tem o status de uma empreitada  no mínimo  desafiadora.  A crescente midiatização das práticas de fé presentes na contemporaneidade  ao alterar as práticas discursivas segundo as quais se dá a expansão dos discursos e práticas de fé para a infinidade de dispositivos midiáticos  de tablets  smartphones e práticas online  carece de estudos que pretendam  com a utilização do ponto de vista dos estudos semióticos  desbastar as diferentes manifestações de sentidos inerentes a essa realidade. Desvendar o processo de significação do discurso religioso  um dos discursos norteadores de nossa cultura  e que até hoje molda a mente dos cristãos  revestido por uma aura mítica de sacralidade e intocabilidade  tem o status de uma empreitada  no mínimo  desafiadora. O semioticista terá como objeto de análise um ponto de vista sobre o discurso religioso das práticas de divulgação de diferentes comunidades e formações de fé  sem emitir juízos de valor  atendo-se apenas a análise do texto e do desbastamento das atitudes discursivas das práticas de fé.


RITMO E ASPECTUALIZAÇÃO DO CORPO DO ATOR DA ENUNCIAÇÃO

COORDENAÇÃO | Sueli Ramos da Silva

RESUMO |

Esta proposta de projeto de pesquisa consiste em estudo teórico epistemológico e analítico, de natureza qualitativo-interpretativista, que tem como premissa estabelecer algumas discussões em referência aos subsídios propostos por Claude Zilberberg (1938-2018), no que concerne à reformulação premente do modelo semiótico proposta pelo autor, ou seja, a concatenação entre o nível profundo e as instâncias enunciativas. Propomos tecer algumas linhas acerca do sujeito da percepção, o observador, não apenas como o sujeito cognitivo que se emparelha ao narrador do nível discursivo, mas o observador que apreende o mundo segundo um ritmo e, que ao imprimir um ritmo aos seus discursos, contribui para a fundamentação do éthos. Para tanto, será premente tomarmos por base as pesquisas de Zerbinatti (2015) e de Discini (2015), ao associarmos as proposições de ritmo, corpo e tensividade. Nossos resultados incidem na problematização da noção de ritmo e de aspectualização do corpo ator da enunciação, de modo a se configurar aspectualmente um modo de ser do sujeito. Partindo das três linhas basilares que tem se desenvolvido acerca do estudo rítmico, quer seja a base silábica e cancional de Tatit (2021), as tensões rítmicas de palavra e de pintura nas artes visuais por Teixeira e a proposição de Zerbinatti (2015) que toma o ritmo do desenvolvimento de textos pouco narrativos, procuramos, por meio dessa pesquisa, retomar o ritmo como tensividade na análise de textos visuais e de natureza sincrética, sobretudo, tendo por base o ritmo presente no estudo de objetos prementes as artes plásticas, sobretudo, de natureza religiosa. Assim sendo, cabe ressaltar como é possível recuperar, por meio do exame de distintas totalidades discursivas, o sujeito cotejado no próprio ato cognitivo da percepção.

 


Nem nula  nem demiúrgica: o direito à palavra como instância estética de resistência e de perenidade 

COORDENAÇÃO | Rosana Cristina Zanelato

RESUMO | A ideia central da pesquisa é entretecer objetos como a experiência  a referencialidade do narrador na constituição da teia linguístico-literária e a expectativa da leitura compartilhada/em voz alta  mais a noção de aberto  tomada como devir  na análise de narrativas literárias brasileiras escritas por indígenas  com destaque para A queda do céu: palavras de um xamã yanomami  de Davi Kopenawa e Bruce Albert  e As fabulosas fábulas de Iauaretê  de Kaká Werá Jecupé; de ‘Meu tio Iauaretê’  de Guimarães Rosa; e de Meu tio Roseno  a Cavalo  de Wilson Bueno  afastando-os de caminhos críticos que estiveram/estão marcados por interfaces em que se cruzam valores representativos de perspectivas teóricas estigmatizadas  como as que veem os textos escritos por e/ou sobre os indígenas como signatários de palavras nulas  quase o balbuciar de um ser infantilizado  ou de poderes demiúrgicos/ proféticos sobre a vinda salvífica ou destrutiva do não-indígena. Nossa hipótese central gravita em torno da necessidade de compreender e de estabelecer novas proposições críticas sobre esses textos  significativos para a constituição de um corpus literário que converge não tanto pela presença de personagens indígenas e/ou mestiças  mas sobretudo por narradores habitados por múltiplas vozes narrativas  compondo um coletivo  um ‘nós’ disposto em mosaico e que suporta e dá  suporte à memória de experiências  no mais das vezes  traumáticas e eivadas de violência. O método analítico-historiográfico de abordagem da diversidade literária  associado ao aporte  teórico oferecido pela Filosofia  pela Sociologia e pela Antropologia  e  posteriormente   reflexões que confirmem a relevância desse percurso como matéria objetiva que se abre à subjetividade constitutiva dos textos literários validarão nosso esforço de desencadear processos compreensivos que objetivam alcançar interpretações prováveis e imprevisíveis. Do ponto de vista temático  serão tratadas questões relativas à memória  à violência e ao trauma como possibilidades para analisar um rol de textos cujo papel literário e cultural os faz dignos de serem situados em meio a um contexto de interlocução entre valores históricos e culturais e suas representações dentro da estrutura estética do objeto literário. Em última instância  a pesquisa pretende discutir o texto literário como experiência estética que solicita do analista/do leitor um esforço adicional de busca da compreensão alheia em coadunação com a sua própria  o que comporá as várias interpretações possíveis de um mesmo objeto. Esse exercício educa e aperfeiçoa a dignidade ética e política da literatura  sobretudo quando consideramos um mundo como o atual  com ideias diametral e violentamente contrárias e sustentadas por argumentos sofismáticos. Sendo assim  a presente investigação justifica-se na medida em que acreditamos  em uníssono com outros projetos desenvolvidos por nós  na necessidade de uma constante reavaliação da historiografia literária nacional  não somente com a inserção de novos atores nesse cenário  mas também com a seleção de perspectivas crítico-analíticas diversas daquelas que entronizaram uns tantos e renegaram outros mais. É preciso  pois  dar espaço à multiplicidade de vozes situadas dentro do texto literário  considerando o registro escrito – especialmente no caso das narrativas de escritores indígenas – como orientação preocupada com o aspecto estético da palavra  capaz de suportar o peso da barbárie e da civilização sobre si  garantindo-lhe projeção para além de um tempo e de um espaço determinados.